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O Brasil Real e a Covid-19

“O país real, esse é bom, revela os melhores instintos;

mas o país oficial, esse é caricato e burlesco” – Machado de Assis


Alguém aqui já morou ou moça em uma cidade com menos de 10 mil habitantes no sertão do Nordeste? Eu já, esse aqui é um fio falando sobre o SUS e infraestrutura, pois parece que muitos economistas desconsideram a realidade fora dos grandes centros. Morei de 0 a 1 anos em Elesbão Veloso (EV) no PI, hoje com 14 mil habitantes, no longínquo ano de 1979 tinha um pouco mais da metade, lá não tem leitos de UTI, até hoje, as cidades mais próximas com UTI são Picos e Teresina, mais de duas horas de viagem.

Muitas vezes municípios como Elesbão Veloso ficam sem ambulância ou com ela em péssimo estado, sem falar nas estradas que tem condições inconstantes, pois muitas vezes é um pedaço de estrada em meio aos buracos, espero que assim não esteja nesse momento, Minha pergunta é: o Ministério da Saúde fez um levantamento junto as secretarias estaduais e municipais acerca das condições das ambulâncias de cada município para atende a população em meio a pandemia?

São nessas cidades onde está grande parte da população mais vulnerável, tendo feito esse levantamento já comunicou ao ministro da economia a possível necessidade de compra de novas ambulâncias, com investimento com valor agregado Lembrando ambulância não é só o carro, na verdade exige a compra de diversos materiais e nesse caso de aparelhos respiratórios, pois cabe lembrar em boa parte dos pequenos municípios a ambulância é na verdade um carro com maca e local para colocar o soro.

Morei muito tempo em uma cidade chamada Felipe Guerra, apesar de não ter nascido lá, me sinto um felipense, passado momento declaração, vamos continuar, Felipe Guerra (FG) fica no auto sertão do RN, hoje tem 6 mil habitantes, fica a 45 minutos de Mossoró. Mossoró é a maior cidade do interior do RN, os pacientes graves de diversas cidades são atendidos lá, pois assim como em FG, essas cidades têm um número restrito leitos e especialistas, vejam só não tem UTIs. Mossoró possui 297 mil habitantes. Mas na verdade deve atender a uma população geral que pode chegar a 3 ou 4 vezes esse número, pois é para lá que vão um grande número de pessoas a procura de especialistas e vejam só UTIs, vidas inclusive de cidades do CE.

Não são poucos os relatos que o principal Hospital Público e maior da cidade está com os leitos e principalmente UTI lotados em uma época "normal", já pensaram como deverá ser diante do que está por vir. Eu já, pois conheço a realidade dura de muita gente naquele lugar que amo.

Até aqui duas conclusões básicas: 1- urge o mapeamento do estado acerca da existência de ambulância em número adequado e aquisição do número necessário; 2- o número de leitos gerais e UTIs tem que ser ampliados para ontem em diversos centro regionais de atendimento. Em cidades como FG e EV uma época de chuva já lota leitos dos pequenos Hospitais e Unidades Básicas de saúdes, com doenças principalmente que incidem sobre crianças e idosos, em uma pandemia desse porte será o caos se nada for feito antes. As duas conclusões acima demandam investimento de valor agregado diretamente ao sistema de saúde, porém tem um aspecto pouco falado, até porque o interior do Brasil é lugar esquecido na maior parte do tempo, pelos políticos e pelos próprios brasileiros.

As condições das estradas muitas vezes, ou sem sua maioria, se deterioram de forma assustadora com chuvas de verão, vejam só no RN choveu acima da média esse ano, lembram que eu disse que o tempo de viagem de FG para Mossoró é de 45 minutos, já cheguei a fazer em duas horas. Não é devido ao carro que não acelerava, mas e sim pelas crateras que existiam na estrada, agora pergunto o senhor ministro elogiado, sem merecer ao meu ver, ministro da infraestrutura já foi feito um levantamento junto com o ministério da saúde e secretarias estaduais sobre as condições das principais vias de acesso aos centro regionais com maior capacidade de atendimento?

Caso não, façam para ontem, não foram poucas as ambulâncias, que já vi parados por terem danificado amortecedor e outros problemas devido a condição da estrada. Cuidar disso é investimento público de valor agregado, o Brasil e principalmente seu interior não vive a realidade que muitos economistas pensam, ou melhor, eles não tem ideia e se viveram sob tais condições perderam a completa noção de empatia Tem que construir e reparar estradas que facilitem o acesso das pessoas a um atendimento digno, alguém pode perguntar: mas como se não pode ter aglomeração?

Sigamos o exemplo de Cingapura, exames diários e com rápido diagnóstico em quem estiver nessas obras. Ainda pode haver os que dirão e isso tudo é gasto, na minha rubrica pessoal isso é salvar vidas e dar dignidade as pessoas, dignidade que todos merecem não só quem vive nas belas e pomposas capitais, ou seja, precisamos sim de investimento público de valor agregado. Que vai assegurar dignidade no atendimento de quem necessita, bem como ajuda a economia não cair em uma depressão tão profunda.

O Brasil prefere esquecer os invisíveis, o interior será atingindo pelo horror e maioria dos governos nada faz, em verdade nada falam. O atual governo federal é um ser abjeto responsável direto por mortes e sofrimento que a Covid-19 está causando. Hoje já são 48,42% das cidades do Nordeste já tem casos confirmados de Covid-19, torço para que o pior não aconteça. O principal responsável pela carnificina que avizinha tem nome e sobrenome e é jair bolsonaro.

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